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1 ano sem Helenilza


Faz um ano hoje que minha amiga, irmã de Coração, Helenilza nos deixou. Resolvi publicar um texto que a Profa. Luciane do Departamento de Quimica da UFS, fez em sua Homenagem.

Profa. Luciane Pimenta Cruz Romão - 23/10/2008

Tributo a Helenilza


Foi com muita tristeza e pesar que recebi a notícia da morte de Helenilza, aluna de licenciatura em química, na segunda-feira, dia 20 de outubro. Certamente esse falecimento poderia ser visto como mais um ocorrido no seio da comunidade da UFS, chamando-se um pouco mais a atenção o fato de Helenilza ter apenas 28 anos. Contudo, para mim, ex-professora dela, e talvez na condição de “exigente”, uma vez que Helenilza foi reprovada por 2 vezes na disciplina que leciono no departamento de química, essa perda despertara na professora muito mais do que um simples pesares.

A minha odisséia terrestre, não tão gloriosa como a de Ulisses, rei de Ítaca, em pleno mês de outubro quando se comemora o dia do professor, em verdade ficou menor quando passo a refletir acerca do meu cotidiano e do papel do cidadão-professor. As Helenilzas, alunas e alunos dos cursos de graduação são, em sua grande maioria, tachados como alunos com dificuldades na aprendizagem, oriundos do ensino médio de escolas públicas e não abastados financeiramente. Esse perfil, para alguns professores, é catastrófico, problemático; sim e daí?

O diagnóstico foi feito e na minha singela análise é minúsculo, merecedor de uma resposta pró-ativa dos docentes, minha; penso assegurar dessa forma a não necessidade de retratação. Porque a jornada é difícil, mas muito mais simples e segura do que a dura jornada passada por Ulisses nos mares da Grécia.

E urge uma atitude que altere o status quo, principalmente quando leio nos versos de Fernando Pessoa que viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.

É desafiador para o professor conseguir fazer que as Helenilzas, que dormem em sala porque precisam trabalhar, e que as vezes perdem até dedos em trabalhos de casas de farinha, caso da nossa Helenilza, que precisam de ônibus do município para chegar à capital porque falta renda familiar para bancar sua condução à UFS, consigam concluir seus cursos a contento. Aqui abro um parêntese para aplaudir as medidas includentes do governo federal e da “minha” universidade que abraçou na última reunião do CONEP o sistema de quotas.

Além da pontual questão do resgate e da obrigação histórica que devemos ter com os excluídos, ressalta-se o fato de que quando ministro aulas para alguns alunos egressos de “boas” escolas do ensino médio, aqueles que nunca “pegaram no pesado” e que nem sempre fazem jus a sua nobre condição.

Talvez o que faltou a mim, professora de Helenilzas, foi habilidade e disponibilidade de entender uma situação ímpar, de enxergar que esses alunos fizeram o impossível e conseguiram entrar na universidade, mas eu venho na minha prática diária fazendo apenas o possível por eles. Também percebo que assumimos a cada dia mais tarefas que nos fazem deixar de enxergar questões e necessidades urgentes dos nossos cursos.

“Quando a chuva passar” podemos não ser exatamente o sol, mas não deveremos ser a porta da verdade de Drummond, que só deixava meia pessoa de cada vez passar. Porque a meia pessoa que entrava só trazia o perfil de meia verdade... Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta, chegaram ao lugar luminoso onde a verdade esplendia seus fogos. Chegou-se a discutir qual a metade mais bela. E carecia optar. Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia. A vida continua, agora, sem Helenilza, mas com ela. Pois haveremos todos de aprender com sua história.



Currículo
Departamento de Química/UFS/São Cristovão.


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