Parece que foi ontem... Hoje é dia vinte outubro de 2009, dia da Santa Maria Bertilla Boscardine dia que completo, juntamente com a meu marido 10 anos juntos, 3 anos de casados e 7 anos de namoro.
Brigamos muitas vezes por motivos bobos, sentamos varias vezes para colocar tudo em pratos limpos. Amamos muito durante este tempo juntos. Rimos bastante com cada brincadeira nossa.
São dez anos de felicidade, um tempo em que passamos todos os tipos de alegrias e de tristezas. Tivemos também como fruto desta união um filho maravilhoso, Serginho, que veio para completar nossa felicidade.
"Soneto de Fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Faz um ano hoje que minha amiga, irmã de Coração, Helenilza nos deixou. Resolvi publicar um texto que a Profa. Luciane do Departamento de Quimica da UFS, fez em sua Homenagem.
Profa. Luciane Pimenta Cruz Romão - 23/10/2008
Tributo a Helenilza
Foi com muita tristeza e pesar que recebi a notícia da morte de Helenilza, aluna de licenciatura em química, na segunda-feira, dia 20 de outubro. Certamente esse falecimento poderia ser visto como mais um ocorrido no seio da comunidade da UFS, chamando-se um pouco mais a atenção o fato de Helenilza ter apenas 28 anos. Contudo, para mim, ex-professora dela, e talvez na condição de “exigente”, uma vez que Helenilza foi reprovada por 2 vezes na disciplina que leciono no departamento de química, essa perda despertara na professora muito mais do que um simples pesares.
A minha odisséia terrestre, não tão gloriosa como a de Ulisses, rei de Ítaca, em pleno mês de outubro quando se comemora o dia do professor, em verdade ficou menor quando passo a refletir acerca do meu cotidiano e do papel do cidadão-professor. As Helenilzas, alunas e alunos dos cursos de graduação são, em sua grande maioria, tachados como alunos com dificuldades na aprendizagem, oriundos do ensino médio de escolas públicas e não abastados financeiramente. Esse perfil, para alguns professores, é catastrófico, problemático; sim e daí?
O diagnóstico foi feito e na minha singela análise é minúsculo, merecedor de uma resposta pró-ativa dos docentes, minha; penso assegurar dessa forma a não necessidade de retratação. Porque a jornada é difícil, mas muito mais simples e segura do que a dura jornada passada por Ulisses nos mares da Grécia.
E urge uma atitude que altere o status quo, principalmente quando leio nos versos de Fernando Pessoa que viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.
É desafiador para o professor conseguir fazer que as Helenilzas, que dormem em sala porque precisam trabalhar, e que as vezes perdem até dedos em trabalhos de casas de farinha, caso da nossa Helenilza, que precisam de ônibus do município para chegar à capital porque falta renda familiar para bancar sua condução à UFS, consigam concluir seus cursos a contento. Aqui abro um parêntese para aplaudir as medidas includentes do governo federal e da “minha” universidade que abraçou na última reunião do CONEP o sistema de quotas.
Além da pontual questão do resgate e da obrigação histórica que devemos ter com os excluídos, ressalta-se o fato de que quando ministro aulas para alguns alunos egressos de “boas” escolas do ensino médio, aqueles que nunca “pegaram no pesado” e que nem sempre fazem jus a sua nobre condição.
Talvez o que faltou a mim, professora de Helenilzas, foi habilidade e disponibilidade de entender uma situação ímpar, de enxergar que esses alunos fizeram o impossível e conseguiram entrar na universidade, mas eu venho na minha prática diária fazendo apenas o possível por eles. Também percebo que assumimos a cada dia mais tarefas que nos fazem deixar de enxergar questões e necessidades urgentes dos nossos cursos.
“Quando a chuva passar” podemos não ser exatamente o sol, mas não deveremos ser a porta da verdade de Drummond, que só deixava meia pessoa de cada vez passar. Porque a meia pessoa que entrava só trazia o perfil de meia verdade... Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta, chegaram ao lugar luminoso onde a verdade esplendia seus fogos. Chegou-se a discutir qual a metade mais bela. E carecia optar. Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia. A vida continua, agora, sem Helenilza, mas com ela. Pois haveremos todos de aprender com sua história.
Currículo
Departamento de Química/UFS/São Cristovão.
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Mas que seja infinito enquanto dure"
Vinicius de Moraes
Vinicius de Moraes
Faz um ano hoje que minha amiga, irmã de Coração, Helenilza nos deixou. Resolvi publicar um texto que a Profa. Luciane do Departamento de Quimica da UFS, fez em sua Homenagem.
Profa. Luciane Pimenta Cruz Romão - 23/10/2008
Tributo a Helenilza
Foi com muita tristeza e pesar que recebi a notícia da morte de Helenilza, aluna de licenciatura em química, na segunda-feira, dia 20 de outubro. Certamente esse falecimento poderia ser visto como mais um ocorrido no seio da comunidade da UFS, chamando-se um pouco mais a atenção o fato de Helenilza ter apenas 28 anos. Contudo, para mim, ex-professora dela, e talvez na condição de “exigente”, uma vez que Helenilza foi reprovada por 2 vezes na disciplina que leciono no departamento de química, essa perda despertara na professora muito mais do que um simples pesares.
A minha odisséia terrestre, não tão gloriosa como a de Ulisses, rei de Ítaca, em pleno mês de outubro quando se comemora o dia do professor, em verdade ficou menor quando passo a refletir acerca do meu cotidiano e do papel do cidadão-professor. As Helenilzas, alunas e alunos dos cursos de graduação são, em sua grande maioria, tachados como alunos com dificuldades na aprendizagem, oriundos do ensino médio de escolas públicas e não abastados financeiramente. Esse perfil, para alguns professores, é catastrófico, problemático; sim e daí?
O diagnóstico foi feito e na minha singela análise é minúsculo, merecedor de uma resposta pró-ativa dos docentes, minha; penso assegurar dessa forma a não necessidade de retratação. Porque a jornada é difícil, mas muito mais simples e segura do que a dura jornada passada por Ulisses nos mares da Grécia.
E urge uma atitude que altere o status quo, principalmente quando leio nos versos de Fernando Pessoa que viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.
É desafiador para o professor conseguir fazer que as Helenilzas, que dormem em sala porque precisam trabalhar, e que as vezes perdem até dedos em trabalhos de casas de farinha, caso da nossa Helenilza, que precisam de ônibus do município para chegar à capital porque falta renda familiar para bancar sua condução à UFS, consigam concluir seus cursos a contento. Aqui abro um parêntese para aplaudir as medidas includentes do governo federal e da “minha” universidade que abraçou na última reunião do CONEP o sistema de quotas.
Além da pontual questão do resgate e da obrigação histórica que devemos ter com os excluídos, ressalta-se o fato de que quando ministro aulas para alguns alunos egressos de “boas” escolas do ensino médio, aqueles que nunca “pegaram no pesado” e que nem sempre fazem jus a sua nobre condição.
Talvez o que faltou a mim, professora de Helenilzas, foi habilidade e disponibilidade de entender uma situação ímpar, de enxergar que esses alunos fizeram o impossível e conseguiram entrar na universidade, mas eu venho na minha prática diária fazendo apenas o possível por eles. Também percebo que assumimos a cada dia mais tarefas que nos fazem deixar de enxergar questões e necessidades urgentes dos nossos cursos.
“Quando a chuva passar” podemos não ser exatamente o sol, mas não deveremos ser a porta da verdade de Drummond, que só deixava meia pessoa de cada vez passar. Porque a meia pessoa que entrava só trazia o perfil de meia verdade... Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta, chegaram ao lugar luminoso onde a verdade esplendia seus fogos. Chegou-se a discutir qual a metade mais bela. E carecia optar. Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia. A vida continua, agora, sem Helenilza, mas com ela. Pois haveremos todos de aprender com sua história.
Currículo
Departamento de Química/UFS/São Cristovão.
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